A impotência sexual, ou disfunção erétil, como chamam os médicos, é uma questão que assombra homens de todas as faixas etárias, desde a adolescência até a terceira idade.
“Homens com impotência apresentaram comprometimento da autoestima, dos relacionamentos interpessoais, menos relações sexuais por semana, mais relações extraconjugais, queixas de falta de desejo sexual e ejaculação rápida”, apontam pesquisas.
Uma dessas pesquisas, feita pela Durex Global Sex Survey e divulgada no dia 21 de janeiro deste ano, mostrou que 62% dos homens relataram alguma dificuldade em manter a ereção.
Mitos como o de que “homem que é homem, nunca falha” ou de que “homem tem de estar disposto para o sexo a qualquer momento, sob qualquer circunstância” – corroborados ainda mais no Brasil, um país ainda essencialmente machista – levam muitos homens a deixarem de procurar ajuda quando o problema aparece – por vergonha ou medo do diagnóstico.
“Um homem leva, em média, dois anos para procurar ajuda após o surgimento do problema”, diz o urologista Geraldo Faria, membro e ex-chefe do departamento de Andrologia e Medicina Sexual da Sociedade Brasileira de Urologia.
MITOS E VERDADES sobre IMPOTÊNCIA SEXUAL:
- Homens que não têm uma ereção completa podem ser considerados impotentes.
Verdade: existem diferentes graus de impotência, mas todos se caracterizam pela ereção não completa. Na disfunção leve, o homem consegue penetração, mas sente que o pênis não está em sua rigidez máxima. Nos graus moderado e severo, o homem já apresenta dificuldade tanto de penetração quanto de ereção. É importante salientar, no entanto, que eventualmente qualquer homem pode vir a ter alguma falha na hora da relação sexual, motivada por fatores psicológicos, como ansiedade, estresse e preocupação. “Para ser considerada disfunção, a falha tem de ser recorrente e impedir o homem de ter uma relação sexual satisfatória”, diz o urologista Valter Javaroni, membro do departamento de sexualidade humana da Sociedade Brasileira de Urologia e chefe do departamento de Andrologia da secção do Rio de Janeiro da mesma entidade. Se o problema estiver causando incômodo, vale consultar um médico para que ele possa avaliar melhor o caso e indicar um tratamento, se houver necessidade.
- Ejaculação precoce é um tipo de impotência.
Mito: uma coisa não tem relação com a outra. “É possível que se tenha um orgasmo com pênis flácido. E também se pode ter uma excelente ereção e não conseguir ejacular, a chamada anargosmia, que tem fundo psicológico”, segundo o urologista Valter Javaroni, membro do departamento de sexualidade humana da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) e chefe do departamento de Andrologia da seção do Rio de Janeiro da mesma entidade. Às vezes, as duas situações podem coexistir. Um homem com ejaculação precoce pode ficar nervoso durante o ato sexual devido à sua condição e acabar não conseguindo uma ereção. Já o paciente com disfunção erétil pode acabar desenvolvendo ejaculação precoce secundária, devido à perda de confiança na ereção. É uma espécie de defesa, na qual ele ejacula rápido para não falhar no meio da relação.
- Sedentarismo pode levar à disfunção erétil.
Verdade: quem quer se manter sexualmente ativo até a terceira idade deve sair da poltrona já. Uma pessoa com uma vida pouco saudável e sedentária tem mais chances de desenvolver disfunção erétil em algum momento de sua vida. “A atividade física ajuda a combater diversos fatores de risco para doenças cardiovasculares, que são os mesmos fatores que podem levar à impotência: a arterosclerose, os depósitos de gordura e enrijecimento das artérias do corpo, o sobrepeso , a hipertensão e as altas taxas de glicose”, diz o urologista Valter Javaronie.
- Impotência pode ser um sintoma de alguma doença mais séria. Verdade: nem toda disfunção erétil pode significar uma doença grave, mas, em alguns casos, pode ser um marcador para doenças cardiovasculares. “Muitos pacientes que tiveram infarto do miocárdio ou derrame relatam ter tido falhas na ereção alguns anos antes da doença. Isso porque as artérias do pênis são muito finas e, portanto, acabam sendo as primeiras a entupir devido ao acúmulo gradativo de gordura”, explica o urologista Geraldo Faria, membro da Sociedade Brasileira de Urologia e ex-chefe do departamento de Andrologia e Medicina Sexual da entidade. Homens de qualquer idade com fatores de risco, como hipertensão e diabetes, e aqueles com mais de 60 anos devem procurar um médico para investigar o problema.
- Câncer no pênis ou na próstata pode levar à impotência. Verdade: o câncer no pênis, que atinge mais as populações de baixa renda, é comum quando há falta de higiene no local (como deixar de limpar a secreção no prepúcio) e em quem tem fimose, por exemplo, e não a trata. Em geral, o doente sente que algo está errado e logo procura o médico. “Mas em casos extremos, quando não tratado, o câncer pode comprometer o corpo cavernoso, causando impotência”, diz o urologista Geraldo Faria, membro da Sociedade Brasileira de Urologia e ex-chefe do departamento de Andrologia e Medicina Sexual da entidade. Já no caso do câncer de próstata, durante a cirurgia para retirada do tumor pode haver uma lesão em um ou nos dois nervos que controlam a ereção, reduzindo ou impedindo por completo a ereção no futuro.
- Fazer vasectomia pode causar impotência.
Mito: não há nenhuma relação entre impotência e vasectomia. “Pelo contrário, devido a fatores psicológicos, muitos pacientes que fazem esta cirurgia relatam melhora em seu desempenho sexual”, conta o urologista Geraldo Faria, membro da Sociedade Brasileira de Urologia e ex-chefe do departamento de Andrologia e Medicina Sexual da entidade. Isso porque, retirado o risco de uma gravidez, os homens se sentem mais tranquilos e a relação torna-se mais espontânea.
- Tamanho do pênis influencia se um homem terá ou não algum problema erétil.
Mito: não há qualquer ligação entre o tamanho do pênis e a impotência. O tamanho está relacionado a fatores genéticos, como raça e descendência, e varia de acordo com as populações no mundo. “No Brasil, a média do pênis tracionado (não ereto) gira entre 8 e 12 cm”, conta o urologista Geraldo Faria.
- Falhar algumas vezes é sinal de que se tem tendência à impotência no futuro.
Mito: um homem pode falhar algumas vezes ao longo da sua vida sem que isso signifique que é ou que vai ficar impotente. Nestes casos, as disfunções estão mais ligadas a fatores psicológicos, como tensão, preocupação, perda de emprego, dificuldades financeiras, estresse e problemas com a parceira, do que com alguma questão orgânica que mereça maior atenção. “No entanto, se o problema for recorrente e acontecer por um período mais longo, ou se o homem estiver se sentindo incomodado com isso, vale ir ao médico para fazer uma investigação mais aprofundada”, diz o urologista Geraldo Faria.
- Depressão pode causar impotência.
Verdade: a pessoa com um quadro depressivo maior não tem energia nem vontade para uma série de atividades rotineiras da vida, inclusive o sexo. Além disso, muitos dos antidepressivos comumente receitados têm como efeito colateral a diminuição da libido, podendo também causar impotência. “Por isso, estes medicamentos devem ser receitados somente quando forem realmente necessários, pois o prejuízo para vida sexual pode ser grande”, destaca o psicólogo Diego Villas-Bôas da Rocha, especialista em sexualidade humana, responsável pela área de psicologia do Centro de Sexualidade Humana e membro da SPRGS (Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul).
- Impotência não tem cura.
Mito. Em alguns casos, como o da disfunção erétil de fundo psicológico, é possível voltar a ter ereção naturalmente, após um tratamento com terapia, por exemplo. Em outros casos mais complexos, que envolvem questões orgânicas, pode não ser possível voltar a ter uma ereção completa de forma natural, mas será possível tê-la com a ajuda de medicação oral, injeções no pênis ou implante peniano. “Muitos não entendem isso como cura, mas o homem volta a ter ereção, sim”, explica o urologista Valter Javaroni.
Via: UOL Saúde